segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

BEM VINDOS À CIDADE DA ROCINHA!!!

As fotos abaixo foram tiradas no segundo dia de visita à comunidade da Rocinha, mas confesso que tinham me chamado atenção desde o primeiro dia, porém não me senti seguro suficiente para fotografar. Esse é um ótimo exemplo do perigo de uma única história, pois eu só conhecia a história contada pela mídia e achava que a Rocinha se resumia a um local de tráfico e violência.
Para minha surpresa, após postar essas fotos no facebook, recebi o seguinte comentário de uma das profissionais que conheci no CAPS:

" Engraçado, eu sempre quis fotografar as paredes informativas de lá e sempre tive medo de fazer isso e voltar no dia seguinte..." L.F.

Será que criar coragem para fotografar as paredes informativas, no segundo dia de visita, foi uma atitude de ingenuidade proporcionada por uma ilusão de segurança ou um real sentimento de acolhimento?
Acredito que jamais saberemos todas as respostas.

Saúde da Família

"A cobertura de 100% de saúde da família no bairro da Rocinha é a principal marca da reforma da atenção primária na cidade do Rio de Janeiro. Serviços personalizados e territorializados, onde o cidadão sabe qual unidade é responsável pela sua entrada no sistema único de saúde. Marcam a consolidação de um sistema único e universal. Certamente mais que a reforma do modelo da atenção a saúde, é fundametalmente uma reforma de sociedade."

Achei muito interessante esse comentário sobre a estratégia de saúde da família, até conhecer na prática a Rocinha. No segundo dia, o grupo de estudantes foi divididos em grupos menores que acompanharam as equipes da Unidade de Saúde da Rocinha. O meu grupo acompanhou um Agente Comunitário de Saúde e um enfermeiro para fazer um mapeamento da área pela qual são responsáveis. O mapeamento consiste em fazer um levantamento de quantas residências existe no local, visitar as casas dos usuários convidando os mesmos para conhecer à Clínica da Família.
Durante a jornada pela Rocinha pudemos observar a precariedade que aquela população vive (sobrevive), as casa estão amontoadas uma em cima da outra, muitas sem a mínima estrutura de saneamento básico, esgotos a céu aberto, pouca iluminação, lixo por todos os lados, e um cheiro quase insuportável; corredores estreitos, escuros e úmidos. Escadas que parecem nunca terminar e que dão a impressão que vão desmoronar a qualquer instante.
Será que com todas essas dificuldade que encontramos é possível ter noção de quantas pessoas vivem nesse território?
Acredito que não, pois alguns lugares são de difícil acesso e na maioria das vezes não encontramos ninguém em casa.
Além disso, as pessoas trabalham nos mais diversos horários Será que realmente a Unidade de Saúde presta serviços a 100% da população? Muitas daquelas pessoas só vêm para casa para dormir, em que momento os Agentes Comunitários localizam essas pessoas?







3 comentários:

  1. ...o problema de uma história só ou de várias versões sobre a mesma história - como bem fala Chimamanda Adichie no documentário que tu incluíste aí em teu blog e sugeridas em teu texto- é que elas podem vir a se tornar ESTÓRIAS... Creio que esse não seja apenas um problema com relação às fábulas contadas sobre a Rocinha ou sobre as outras muitas favelas que estão espalhadas pelo Brasil, mas acho que da própria "História" que nos é ensinada – e conte aí os anos- durante quase toda a nossa trajetória escolar. São idéias que se confundem e se confrontam quando falamos com alguém que mora nesses lugares e conhece de fato a realidade...talvez se escutássemos mais um pouco o que dizem essas pessoas, nossa visão sobre a vida seria um tanto diferente.

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  2. esqueci de te parabenizar o texto e as fotos....abrs

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  3. Achei fundamental a tua ponderação sobre o comentário das fotos. No meu caso, como fui para trabalhar lá e não só visitar, recebi instruções sobre o comportamento a ser adotado no cotidiano. Como a minha câmera é profissional, grande e tal, muitas pessoas me falaram para não fotografar em qualquer lugar e a qualquer hora, pois poderia ser entendida de outra forma a minha presença ali. E você está certo, o sentimento de acolhimento que temos quando estamos visitando é fantástico, pois o que escutamos das comunidades do Rio são realmente amendrontadoras...quando chegamos e somos acolhidos pelo lugar e pelas pessoas, nos sentimos à vontade e somos tomados pela sensação de segurança. Ingenuidade? Não sei. Talvez a curiosidade e o orgulho de estar num lugar como a Rocinha,que num momento como o seu (pois você foi para conhecer o território e as Unidades de Saúde) afloram e nos tomam como um turbilhão. Enfim, acho que valeu muito a pena você ter fotografado porque serve como memória de um momento especial para você e todos os outros que vieram para viver essa experiência. Mas continuo com todo cuidado possível, pois como eu disse, tenho que voltar (e tenho ido e vindo há 1 ano) todos os dias.

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